Ei! Você pode gostar destes aqui.

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Ponto de vista

   Assim como todo mundo eu tenho muitas lembranças da minha infância. Lembro de brincar de pega-pega, caçador, taco e por aí vai. Lembro também de como tudo era imenso. A casa da minha avó era muito grande e a da minha bisavó então, maior ainda. Parecia uma floresta com grandes árvores e gigantescos labirintos. Sentia que eu poderia me perder por lá e nunca mais achar o caminho de volta. Isso também acontecia quando eu ultrapassava os limites impostos pelos meus pais e ia até outra rua do meu bairro.  A sensação era de que eu estava em outro mundo porque, naquela época, as ruas, as casas, e os sentimentos eram enormes.
  Quando já adulta estive nesses mesmos lugares, percebi como eles eram na realidade pequenos.  E quero dizer pequenos de verdade. A casa da minha avó não aparentava mais ter tanto espaço para correr e a floresta da minha bisavó parecia mais um jardim. As ruas onde eu morava se demonstraram tão inofensivas que até estranhei o cuidado dos meus pais em não me deixar desbravar aquelas quadras.
  Hoje eu percebo que na realidade a minha percepção do tamanho das coisas se dava em relação ao meu próprio tamanho. Pelo fato de a minha estatura ser menor naquele tempo, tudo ser tornava maior do que na realidade era. Tudo questão de ponto de vista.
   Às vezes acreditamos que temos um grande problema, em alguns casos pode ser verdade, mas na maioria das vezes estamos dimensionando esse problema em relação ao nosso “mundinho”. Certamente se o universo fizesse esse mesmo exercício e decidisse olhar para o seu problema ele diria que não passa de um pontinho que ele mal consegue determinar o que é. Tão pequeno lhe parece.
  Talvez devêssemos mudar nossos pontos de vista de vez em quando. Afinal de contas, não queremos viver nesse mundo como uma criança que sente que pode se perder dentro da própria casa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário